quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Cotas para cineastas preguiçosos


"Nova lei da TV paga fará indústria ser mais forte", diz Fernando Meirelles

10/06/2012
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Autor: ALBERTO PEREIRA JR.
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 Uma semana após a publicação das últimas instruções normativas da Lei 12.485/2011, que fixa diretrizes para a TV paga no Brasil (veja detalhes acima), produtoras independentes comemoram o novo marco regulatório do setor.
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Para elas, o estabelecimento de cotas obrigatórias de conteúdo nacional estimulará os negócios, já que ao menos 50% da faixa reservada a obras brasileiras deverão ser preenchidos por trabalhos de empresas independentes.
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A íntegra da reportagem publicada na Folha deste domingo está disponível para assinantes do jornal e do UOL (empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
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Fernando Meirelles, sócio da O2 Filmes, uma das maiores produtoras independentes do país, se mostra entusiasmado com a nova lei da TV paga.
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Leia a entrevista dele à Folha.
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Folha - A demanda por conteúdo nacional já aumentou com a nova lei da TV paga?
Fernando Meirelles - No ato e imediatamente [risos]. Tivemos solicitações de praticamente todos os canais a cabo. Mandamos e-mail para todos os colaboradores da casa. De 54 projetos que vieram deles, selecionamos 32 e apresentamos para algumas emissoras na virada do ano.

Era necessária a criação da lei para fomentar o mercado?
Certamente. A maioria das emissoras de TV a cabo é filial de matrizes americanas. Para elas, é mais conveniente pegar um produto que é bom e está pronto, dublar ou legendar e exibir sem custo.
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 O que muda com a lei?
As TVs são obrigadas a usar parte do seu faturamento em produção local. Essa lei vai ter o mesmo impacto que a Lei do Audiovisual [criada em 1993] teve no cinema. O Brasil fazia seis filmes por ano, veio a nova regra e, só em 2011, fizemos 105 longas. Foi a década de montagem da indústria. Não tenho dúvida de que, com a nova lei da TV paga, em dez anos vamos ter uma geração de programas muito mais forte.
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Como os diretores de canais a cabo reagiram?
Conversei com alguns executivos. É claro que teve um momento de reclamação, mas todos estão confiantes e, acho eu, muito mais estimulados a produzir.
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O público quer ver os artistas brasileiros na TV paga?
Sim, mas não só isso. Tem o interesse de ver o próprio país.De ver a sociedade, ao invés de Dubai ou Xangai... As pessoas querem assistir a programas sobre São Paulo, sobre nossas cidades As maiores audiências da TV a cabo são de programas brasileiros. O que dá mais certo na TV a cabo são os programas feitos aqui. É uma situação boa para todo mundo: incentiva o mercado, cria cultura e a produção e as TVs ganham mais audiência.
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Qual gênero tem recebido mais encomenda?
Tem um pouquinho de tudo. Apresentamos projetos de ficção para o GNT, ligados à Copa do Mundo. É um belo momento para quem tem projeto e para quem acabou de se formar e precisa trabalhar. É um marco na televisão e no audiovisual brasileiros.
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A tendência é um crescimento maior de dramaturgia?
Com certeza. Mais trabalho e oportunidades para atores e diretores. "Os Contos de Edgar", que estamos fazendo para o FX, é dramaturgia. São histórias baseadas nos contos de Edgar Allan Poe.

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Quais outros projetos já estão fechados com a TV paga?
A Discovery estava procurando caras brasileiras para o seu elenco. Então, levamos um projeto de um jornalista meio aventureiro, chamado Fábio Lamanchia. É um cara que tem uma vida diferentona, viajando o Brasil. Temos o "360", que é uma coincidência com o nome do meu novo longa-metragem, para a NatGeo. Vai ser uma série de programas meio jornalísticos, um "doc reality", sobre problemas bem pungentes, como crack, educação, manejo sustentável de floresta, soja. Cada um dos temas é tratado de todos os pontos de vistas por meio de personagens.
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Quais são os meios que a O2 usa para captar recursos para suas produções?
A gente faz cinema, TV, TV a cabo e internet. Onde há uma brecha, temamos captar. Nunca usamos lei Rouanet, por exemplo. É uma lei supercomplicada. Por mexermos com publicidade, fazemos muitos projetos que são bancados com dinheiro não incentivado. O filme "Xingu", por exemplo, contou com R$ 8 milhões de dinheiro não incentivado da Natura, da Fiat e da Globo. Os projetos que estamos fazendo com os canais Fox, "Os Contos de Edgar" e "360" não tem dinheiro de lei, é da própria Fox. Abrimos uma porta. As pessoas acreditam no negócio e passam a investir.

Comentário: Por que não consultaram o público, o principal interessado? Querem impor um produto para ele consumir.
A justificativa é incentivar o conteúdo nacional que segundo eles é discriminado pelas operadoras e até canais de televisão.  
Já existe o canal Brasil, a TV Cultura, a TV Brasil para exibirem uma programação de conteúdo nacional, os dois últimos são da TV aberta para qualquer brasileiro poder assistir. Notemos que a audiência ali é quase zero. Audiências baixíssimas.
Se não existe é exibido tanto quanto gostariam, é porque o público não gosta (qualidade duvidosa) e portanto não dá retorno. Simplesmente assim. Em vez desses VAGABUNDOS se esforçarem para ofertarem um produto diferente a população, com mais cuidado não querem acabar com a liberdade do consumidor. Muito mais útil seria acabar com os pacotes de TV a cabo e deixar a livre escolha.
Fernando Meirelles falou que as operadoras por economia enviam enlatados para o Brasil, já prontos, mas esquece eles, que muitas séries se não chegam no Brasil, acaba se baixando pela internet.
Em outra entrevista, Fernando Meirelles culpou os blockbusters pelo fracasso do filme “Xingu” que ele produziu. Muito mais fácil culpar o americano, o grande filme, do que aceitar que o filme que se produziu para o público, não era o que ele desejava.
Hora dele rever suas posições e oferecer ao público aquilo que ele deseja, é uma relação de consumo, só que com imagens caso queira ser prestigiado por este.
Acontece que estamos criando uma classe de parasitas mamadores do dinheiro: os cineastas.
O governo dá verbas, cria cotas e eles oferecem o lixo que quiserem sem se preocupar com o público.

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