"Nova lei da TV paga fará indústria ser mais
forte", diz Fernando Meirelles
10/06/2012
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Autor: ALBERTO PEREIRA JR.
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Uma semana após a
publicação das últimas instruções normativas da Lei 12.485/2011, que fixa
diretrizes para a TV paga no Brasil (veja detalhes acima), produtoras
independentes comemoram o novo marco regulatório do setor.
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Para elas, o estabelecimento de cotas obrigatórias de
conteúdo nacional estimulará os negócios, já que ao menos 50% da faixa
reservada a obras brasileiras deverão ser preenchidos por trabalhos de empresas
independentes.
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A íntegra da reportagem publicada na Folha deste domingo
está disponível para assinantes do jornal e do UOL (empresa controlada pelo
Grupo Folha, que edita a Folha).
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Fernando Meirelles, sócio da O2 Filmes, uma das maiores
produtoras independentes do país, se mostra entusiasmado com a nova lei da TV
paga.
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Leia a entrevista dele à Folha.
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Folha - A demanda por
conteúdo nacional já aumentou com a nova lei da TV paga?
Fernando Meirelles - No ato e imediatamente [risos]. Tivemos
solicitações de praticamente todos os canais a cabo. Mandamos e-mail para todos
os colaboradores da casa. De 54 projetos que vieram deles, selecionamos 32 e
apresentamos para algumas emissoras na virada do ano.
Era necessária a
criação da lei para fomentar o mercado?
Certamente. A maioria das emissoras
de TV a cabo é filial de matrizes americanas. Para elas, é mais conveniente
pegar um produto que é bom e está pronto, dublar ou legendar e exibir sem
custo.
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O que muda com a lei?
As TVs são obrigadas a usar parte do seu faturamento em
produção local. Essa lei vai ter o mesmo impacto que a Lei do Audiovisual
[criada em 1993] teve no cinema. O Brasil fazia seis filmes por ano, veio a
nova regra e, só em 2011, fizemos 105 longas. Foi a década de montagem da
indústria. Não tenho dúvida de que, com a nova lei da TV paga, em dez anos
vamos ter uma geração de programas muito mais forte.
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Como os diretores de
canais a cabo reagiram?
Conversei com alguns executivos. É claro que teve um momento
de reclamação, mas todos estão confiantes e, acho eu, muito mais estimulados a
produzir.
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O público quer ver os
artistas brasileiros na TV paga?
Sim, mas não só isso. Tem o interesse de ver o próprio
país.De ver a sociedade, ao invés de Dubai ou Xangai... As pessoas querem
assistir a programas sobre São Paulo, sobre nossas cidades As maiores
audiências da TV a cabo são de programas brasileiros. O que dá mais certo na TV
a cabo são os programas feitos aqui. É uma situação boa para todo mundo:
incentiva o mercado, cria cultura e a produção e as TVs ganham mais audiência.
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Qual gênero tem
recebido mais encomenda?
Tem um pouquinho de tudo. Apresentamos projetos de ficção
para o GNT, ligados à Copa do Mundo. É um belo momento para quem tem projeto e
para quem acabou de se formar e precisa trabalhar. É um marco na televisão e no
audiovisual brasileiros.
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A tendência é um
crescimento maior de dramaturgia?
Com certeza. Mais trabalho e oportunidades para atores e
diretores. "Os Contos de Edgar", que estamos fazendo para o FX, é
dramaturgia. São histórias baseadas nos contos de Edgar Allan Poe.
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Quais outros projetos
já estão fechados com a TV paga?
A Discovery estava procurando caras brasileiras para o seu
elenco. Então, levamos um projeto de um jornalista meio aventureiro, chamado
Fábio Lamanchia. É um cara que tem uma vida diferentona, viajando o Brasil.
Temos o "360", que é uma coincidência com o nome do meu novo
longa-metragem, para a NatGeo. Vai ser uma série de programas meio
jornalísticos, um "doc reality", sobre problemas bem pungentes, como
crack, educação, manejo sustentável de floresta, soja. Cada um dos temas é
tratado de todos os pontos de vistas por meio de personagens.
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Quais são os meios
que a O2 usa para captar recursos para suas produções?
A gente faz cinema, TV, TV a cabo e internet. Onde há uma
brecha, temamos captar. Nunca usamos lei Rouanet, por exemplo. É uma lei
supercomplicada. Por mexermos com publicidade, fazemos muitos projetos que são
bancados com dinheiro não incentivado. O filme "Xingu", por exemplo,
contou com R$ 8 milhões de dinheiro não incentivado da Natura, da Fiat e da
Globo. Os projetos que estamos fazendo com os canais Fox, "Os Contos de
Edgar" e "360" não tem dinheiro de lei, é da própria Fox.
Abrimos uma porta. As pessoas acreditam no negócio e passam a investir.
Comentário: Por que não consultaram o público, o principal interessado?
Querem impor um produto para ele consumir.
A justificativa é incentivar o conteúdo nacional que segundo
eles é discriminado pelas operadoras e até canais de televisão.
Já existe o canal Brasil, a TV Cultura, a TV Brasil para
exibirem uma programação de conteúdo nacional, os dois últimos são da TV aberta
para qualquer brasileiro poder assistir. Notemos que a audiência ali é quase
zero. Audiências baixíssimas.
Se não existe é exibido tanto quanto gostariam, é porque o
público não gosta (qualidade duvidosa) e portanto não dá retorno. Simplesmente
assim. Em vez desses VAGABUNDOS se esforçarem para ofertarem um produto
diferente a população, com mais cuidado não querem acabar com a liberdade do
consumidor. Muito mais útil seria acabar com os pacotes de TV a cabo e deixar a
livre escolha.
Fernando Meirelles falou que as operadoras por economia enviam
enlatados para o Brasil, já prontos, mas esquece eles, que muitas séries se não
chegam no Brasil, acaba se baixando pela internet.
Em outra entrevista, Fernando Meirelles culpou os
blockbusters pelo fracasso do filme “Xingu” que ele produziu. Muito mais fácil
culpar o americano, o grande filme, do que aceitar que o filme que se produziu
para o público, não era o que ele desejava.
Hora dele rever suas posições e oferecer ao público aquilo
que ele deseja, é uma relação de consumo, só que com imagens caso queira ser
prestigiado por este.
Acontece que estamos criando uma classe de parasitas
mamadores do dinheiro: os cineastas.
O governo dá verbas, cria cotas e eles oferecem o lixo que
quiserem sem se preocupar com o público.
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